RECEITAS POR REGIÕES

"“O gastrónomo tem os seus deuses. O templo é mesa, e a sacristia a cozinha.”...Carlos Drummond de Andrade



RECEITAS POR REGIÕES

Receitas REGIÔES DE PORTUGAL

01 - Entre Douro e Minho
02 - Trás-os-Montes e Alto Douro
03 - Beira Alta
04 - Beira Litoral
05 - Beira Baixa
06 - Ribatejo
07 - Estremadura
08 - Alentejo
09 - Algarve

    Portugal tem uma gastronomia tão rica e variada como a sua paisagem. É o mar que imprime a característica mais marcante à culinária portuguesa. Saboreamos um simples peixe grelhado, tal como o marisco que abunda em todo o litoral. Em pratos de carne, uma sugestão de todo o país: o cozido à portuguesa mistura carnes, legumes e enchidos variados.

CHEIROS E SABORERS

    Em termos gerais, é no sul que se usam mais as ervas aromáticas. Enquanto que no norte de Portugal se usa quase exclusivamente a salsa, o louro, a cebola e o alho, no sul, especialmente no Alentejo, utilizam-se os coentros, as mentas (hortelã, poejo, etc), os orégãos, o alecrim, etc.
    Desde que Vasco da Gama descobriu o caminho marítimo para a Índia que os Portugueses utilizam a pimenta (designada no Brasil como pimenta-do-reino), a noz-moscada, o cravinho-da-índia, o açafrão, etc.. A doçaria regional faz uso abundante da canela.

Gastronomia - Cozinha Tradicional

A propósito de cozinha tradicional, Fialho d’Almeida, num famoso texto do 3º volume de “Os Gatos”, pronuncia-se sobre o que é o prato nacional:
“Uma composição culinária, característica, inconfundível. Transmite-se por tradição: os estrangeiros não sabem confeccioná-lo, mesmo naturalizados: tendo chegado até nós por processos lentos, e contraprovas de biliões de experimentadores, sucessivamente interessados em o fixar de forma irrepreensível, resulta ser ele sempre uma coisa eminentemente sápida e sadia. Isto o distingue dos pratos “compostos”, quero dizer daquelas mixórdias de comestíveis e temperos, doseados a poder de balança, exclusivamente científicas, nada intuitivas e meramente inventadas.
O prato nacional é como o romanceiro nacional, um produto do génio colectivo: ninguém o inventou e inventaram-no todos: vem-se ao mundo ido por ele, e quando se deixa a pátria, antes de pai e mãe, é a primeira coisa que se lembra.
Em Portugal não há província, distrito, terra, que não registe entre os monumentos locais, a especialidade de um petisco raro, sábio, fino, verdadeira sinfonia de sabores sempre sublime.
(À Mesa com Fialho de Almeida")

Agradecimentos

Se é verdade que neste Roteiro Gastronómico se revelam sabedorias  seculares, usos, costumes e, sobretudo, imaginação que, as mais das vezes, nos fazem sentir o pulsar de uma vida, de uma família, de uma região, de um país...
Também é verdade que a sua concretização como Roteiro Regional se deve á vontade que nos anima, estimulados por muitos dos nossos visitantes, sempre dispostos a uma palavra de apoio, de incentivo ou mesmo uma colaboração bem vinda...
E ainda, ao apoio e colaboração da Editorial Verboque desde o primeiro momento se disponibilizou para nos apoiar e cujas edições culinárias a todos recomendamos, pela sua qualidade, bem como do músico Fernando Brito Vintém com a sua excepcional produção de midis de música portuguesa, o seu empenho na divulgação universal dessa mesma música e o carinho especial que desde a primeira hora nutriu pelo nosso Roteiro Gastronómico e que tanto tem ajudado a enriquecer os seus conteúdos.
Queremos ainda manifestar o nosso apreço às, Região do Turismo do Alto Minho e Região do Turismo do Algarve e ás Câmaras Municipais de, Vila Velha de Rodão, Figueira da Foz,Sernancelhe, Condeixa,Porto,Covilhã>Portimão e Santarém, que, no meio das suas múltiplas tarefas e preocupações com o bem estar das populações, quiseram responder ao nosso apelo e pesquisa, contribuindo com o levantamento gastronómico dos seus concelhos.
A todos, o nosso Bem Hajam.

Gastronomia

Gastronomia, um património apetecível
Viajar implica necessariamente dormida e comida fora do ambiente habitual de vivência. Mas comer é também viajar, indo ao encontro das memórias e dos imaginários ligados aos lugares visitados ou de onde viajaram até nós os produtos, os alimentos, as prácticas e as histórias a eles associadas. Comer é uma necessidade básica de todos os dias e é também um acto social e cultural, e uma experiência prazerosa e multissensorial. Com efeito, a forma como os humanos se alimentam é carregada de sentido, conferido pelo significado de comer em conjunto (acto social) e pelos significados atribuídos aos alimentos e às práticas alimentares (acto cultural). Comer é assim um acto bio-socio-cultural e a alimentação um elemento da cultura individual e colectiva.

A gastronomia é um património vivo que identifica territórios, grupos e pessoas. Pode ser definida como a arte de bem comer, que assenta na criatividade culinária e se traduz no prazer da mesa. Gastronomia implica conhecimento e paixão. Gastronomia é a alta cozinha associada a momentos de excepção e, por vezes de luxo, e é também a tradição alimentar de um determinado território, valorizada, reinterpretada e trazida para o presente. É o discurso sobre a mesa e a possibilidade de escolha, é subjectividade e diversidade de gostos e de opiniões. Qualquer que seja a definição, três dimensões são fundamentais no conceito de gastronomia: os produtos, a sua origem e os modos de os preparar (a arte da cozinha), a sociabilidade em torno da mesa (o prazer da mesa) e os saberes e o gosto, quer de quem prepara, quer de quem aprecia a comida (o saber gastronómico). A arte de bem comer envolve assim os produtos (quer os ingredientes principais, quer os temperos e aromas de um prato), os métodos e os processos de preparação culinária, os livros de receitas e as receitas orais, os utensílios e os equipamentos de cozinha, os espaços culinários, os empratamentos e a encenação da comida, a estética da mesa e dos espaços envolventes (louças, talheres, vidros e cristais, tecidos e elementos decorativos), os menus, as bebidas, os queijos e a doçaria, e todos aqueles que dão sentido a este vasto conjunto de aspectos: os que produzem, os que vendem, os que preparam e os que comem. São eles, afirmava Brillat-Savarin, os agricultores, os viticultores, os pescadores, os caçadores, os Chefs e as suas brigadas de cozinha e, finalmente, os convivas.

Desde o início do século que a gastronomia é reconhecida como componente do património cultural. França foi pioneira neste reconhecimento. Em 1989 é criado o Conselho Nacional das Artes Culinárias, publicada legislação e realizado um inventário do património culinário francês. Em Portugal, data de 2000 a Resolução do Conselho de Ministros (n.º 96/2000, de 26/7) que consagra “a gastronomia portuguesa como um bem integrante do património cultural de Portugal”, fundamentando-se no reconhecimento de um “vasto património intangível” que, “muitas vezes sem suporte físico”, contribui para a “caracterização de certos aspectos de uma nação ou das partes que a compõem”. A Lei de Bases do Património Cultural (Lei n.º 107/2001, de 8/9), publicada no ano seguinte, identifica como património cultural não apenas aos bens materiais, mas também os bens imateriais e a cultura tradicional popular, referindo a alimentação como parte integrante do património cultural imaterial: “especial protecção devem merecer as expressões orais de transmissão cultural e os modos tradicionais de fazer, nomeadamente as técnicas tradicionais de construção e de fabrico e os modos de preparar os alimentos”. A Convenção para a Salvaguarda do Património Imaterial, aprovada pela UNESCO em 2003 e ratificada por Portugal em 2008, consolida estas perspectivas, definindo património cultural imaterial como “as práticas, representações, expressões, conhecimentos e técnicas – junto com os instrumentos, objectos, artefactos e espaços culturais que lhes estão associados – que as comunidades, os grupos e, nalguns casos, os indivíduos, reconhecem como parte integrante de seu património cultural”. Esta Convenção veio possibilitar a classificação e inscrição na lista do Património da Humanidade de elementos fundamentais das culturas tradicionais, como é o caso do Fado e do Cante Alentejano, mas também de aspectos das culturas alimentares, como é o caso da Dieta Mediterrânica. Anteriormente já as paisagens vitivinícolas do Alto Douro e das Vinhas da Ilha do Pico tinham sido classificadas como paisagens culturais. Estas classificações têm grande impacto no desenvolvimento destes locais e na sua capacidade de atracção turística.

Também o papel da gastronomia e vinhos como motivação turística e como componente da experiência turística tem sido amplamente reconhecido desde o início do século, quer pela academia, quer pelos stakeholders. As primeiras reflexões neste domínio surgem nos anos noventa do século passado, com um artigo em que se abordava a gastronomia e o turismo numa perspectiva de sustentabilidade e de impacto do turismo nas culturas locais (Reynolds, 1993). Desde então os estudos têm-se multiplicado acompanhando a articulação entre gastronomia e turismo e reconhecendo-se a existência de um turismo gastronómico.
Em 2012 a Organização Mundial de Turismo (OMT) publica o primeiro relatório sobre turismo gastronómico e em 2017 o Segundo Relatório Global sobre Turismo Gastronómico. Na introdução deste último, o Secretário-Geral da OMT afirma que a gastronomia é uma tendência da moda, um hobby para milhares, e uma das principais razões para muitos viajarem, sendo procurada pelos turistas da mesma forma que outros elementos das culturas visitadas, como a arte, a música ou a arquitectura. Ao longo deste Relatório salienta-se ainda que o turismo gastronómico oferece um enorme potencial para estimular as economias locais, regionais e nacionais e melhorar a sustentabilidade e a inclusão, contribuindo positivamente para muitos níveis na cadeia de valor do turismo, como a agricultura e a produção agro-alimentar, e promovendo o crescimento económico inclusivo e sustentável, a inclusão social, o emprego e a redução da pobreza, a eficiência dos recursos, os valores culturais, a diversidade e o património.

Em Portugal, a gastronomia e vinhos constitui um “produto” considerado estratégico para o turismo (Plano Estratégico Nacional Para Turismo 2006-2012 e 2013-2015, e Estratégia Turismo 2027), estimulando dinâmicas de oferta e de procura turística, e reconfigurações das paisagens e dos patrimónios locais. Lisboa constitui um exemplo de renovação e de gastronomização sem precedentes, que se traduz numa multiplicidade de mudanças ao nível dos espaços e dos conceitos de restauração, das práticas de comensalidade, das representações ligadas à comida, dos diferentes tipos de cozinhas (tendo conferido a certos bairros da cidade uma ambiência gastronómica anteriormente inexistente), da organização de eventos, do touring e das experiências gastronómicas e de vinhos. Dessa renovação faz parte a emergência de uma alta cozinha portuguesa, protagonizada por uma geração de jovens e inovadores Chefs, coexistindo com a cozinha tradicional e com as cozinhas trazidas de outros lugares do mundo pelas comunidades imigrantes que hoje habitam a cidade. A conquista de cada vez mais estrelas Michelin reflecte esta aposta na gastronomia. Cada vez mais os premiados são Chefs mais jovens e com formação em escolas nacionais, o que nos enche de orgulho como instituição pioneira no ensino ligada à cozinha e à restauração.

Em 2020 continuemos este trabalho e apreciemos a cozinha a estética da gastronomia que o nosso país tem para oferecer.
Bom Ano!

Raquel Moreira
Professora Adjunta da ESHTE | Área Científica de Ciências Sociais e Humanas
Investigadora do CRIA/NOVA-FCSH


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Autor José Manuel
Alves
chef

Webmaster do Gastronomias (Roteiro Gastronómico de Portugal) desde 1997. "Apaixonado por gastronomia quis transmitir essa paixão neste site com receitas de comida de conforto, algumas receitas tradicionais, e sobremesas soberbas"...
Dica BATATAS FRITAS

Para que as batatas fritas fiquem bem sequinhas, depois de cortadas, coloque-as em água fervendo por alguns minutinhos e, em seguida, em água com gelo. Escorra bem, frite em bastante óleo e escorra em papel-toalha.

(Felicia Sampaio)